sexta-feira, 3 de outubro de 2008

BENÇÃO DA DESPEDIDA


Abençoai-me irmãos.

A benção, Chico Buarque de Holanda. Sua graça e boêmia, parceiras constantes. As canções e as melodias. Ordenai: “vai meu irmão, pega esse avião”. Meros súditos hão de obedecer. Questiona “o que será do amanhã”, sem nos dar resposta concreta, mas acalenta a alma, quando emana que “será outro dia” e quem sabe, eu “morra de rir”.

A benção, Maria Bethânia e Caetano Veloso. Vossa irmandade santificada. Embora não invejo, pois da minha própria, certamente invejais.

Saravá!!!

A benção, Roberto Carlos. Na verdade, é justo e necessário, que se faça desse, a presença divina, pois nenhum outro atingirá tantos fiéis, como ele o fez. Cantastes a amizade simplória, mas intrinsecamente franca: “você meu amigo de fé, meu irmão camarada”.

A benção, Vinicius de Morais e todos os seus parceiros. Irmãos poetas, trovadores abençoados. Somente de suas fraternas graças, poderias nutrir-nos com um manto protetor tamanho, que somente dele, dependeria, se a vida não me presenteasse com dois anjos, pilares do que vivo.

Saravá!!!

A benção, Flora Figueiredo, poetisa. Singela nos vocábulos, cala-nos com precisão e profetizas:

“Quando chegarem,
subam ao ponto mais alto do lugar.
E então acenem.
De onde estiverem, quero enxergar
esse momento em que vocês vão constatar
que a vida vale grandemente a pena”

Glória ao pai, Antônio Carlos Jobim, maestro de todos nós. Abençoado sois e fizestes de seus irmãos, tenras criaturas. Descansai. Cuida dos meus irmãos agora. Cubra-os com sua santidade e dá-lhes força.

A benção, Bigo e Nem. Pelas lágrimas. Pelos ensinamentos. Por fazerem de mim, irmão. Irmãos coragem, irmãos tropicalistas, Irmãos Corsos e Roccos, irmãos Gallagher e Grimm. Los Hermanos. Blues Brothers. Irmãos Kaufman. Caetano e Gil. Tom e Vinicius. Tetê e Kiko. Eu,Rodrigo e Daniel. Entidades celestiais ainda não inventaram nada melhor. Pelas mãos dadas, pelos ombros de apoio. Pela amplitude do que representam e pela ausência que jaz.

A benção, Marcelo Camelo e sua áurea melódica maior que a minha. Sua simplicidade incômoda que atesta:

“vim só dar, despedida”.

Ide em paz.

Saravá!!!


Texto de Diego Ponce de Leon

6 comentários:

Anónimo disse...

Lendo suas palavras, me bate uma vontade de conhecer essa relação que originou benção poética tão forte... me tocou.
Belo texto....

Anónimo disse...

Que bela benção....
Um banho de glórias vestidas com mestres da nossa cultura... muito original.. intelecto evoluído... vocabulário impecável...
Lindo...
Patrícia

Anónimo disse...

Quisera eu rezar assim... poucas orações me tocaram.. essa foi uma dessas...
Isso porque nem conheço os protagonistas dela...

Carlos

Anónimo disse...

nunca tinha lido seu blog, Diego
abri hoje e li logo esse texto
LINDO, tocante
a amaizade é a coisa mais linda do mundo, nem a distancia há de separar.

lerei sempre.

beijos ;*

Anónimo disse...

Soh hoje li esse texto... Meu Deus!! Que sensibilidade, que delicadeza... Que grandiosidade isso sim!! Belas palavras. Obrigado me fazer sentir-te tao perto e por alguns momentos esquecer que existe meio mundo no meio do caminho. Amo, Bigo

Sheila Silveira disse...

Já virei sua fã desde o Sarau!!!
Esse é o texto mais lindo e delicado, o meu preferido. Você consegue através dele expressar o amor irmão tão puro que existe entre vocês (Rodrigo, Diego e Daniel). Parabéns pelo dom de escrever tão sabiamente e transmitir esse sentimento emotivo a nós leitores.

Beijos!!!

Sheila