Algumas pessoas – pessoas felizes irritantes – acreditam no poder do pensamento positivo. Elas estão satisfeitas por estarem aqui, seja lá onde quer que aqui seja e acreditam que tudo aconteça por uma razão. Isso os separa estreitamente dos teóricos conspiradores, que acreditam que tudo ocorre por uma razão, mas uma razão ruim (e possivelmente judaica).
Eu mesmo sou um apreciador do pensamento negativo. Pessimista por natureza. Acordo diariamente me perguntando a tragédia do dia. O que acaba me causando certa ansiedade, mas prefiro o cotidiano suscetível a desventuras em série, do que dias prolixos e tão vazios. Entretanto, nos últimos dias, minha voraz expectativa por desgraças diárias foi globalmente aniquilada.
Os americanos felizes resolveram estourar a bolha de crédito. As igualmente felizes instituições financeiras (corre pelos corredores, que andam um tanto quanto bucólicas e introspectivas nos dias mais recentes, uma ofensa para os ensolarados dias de outrora), soltaram no mercado falido mais verba que deveriam. Pobre Milton Friedman, cujas lições (e ascensão heróica) foram jogadas a esmo com a própria economia mundial e suas bolsas (Louis Vuitton). Ironicamente, grandioso para o esquecido Keynes, que livrou a América de amargar posições hierarquicamente inferiores no ranking mundial após a queda de 29, e que retorna de forma triunfal, protagonista, como se Don Corleone estivesse vivo. Abram as cortinas.
Destarte, sigo inócuo diante do colapso financeiro. Acordei hoje me perguntando, como sempre, qual poderia ser o ápice negativo do meu dia. Crise Financeira!!! Está lá. Feito, nada a ser questionado. Posso priorizar meus compromissos. Quem sabe tomar um chá, ler crônicas despretensiosas ou divagar sobre Christopher Campbell. Não há ninguém com câncer. Se morreu alguém, mero figurante. Todos ainda me amam. Só há a crise. E quem há de discordar?!
Eu lhes digo: os otimistas! Cegos (que o diga Saramago) e potenciais responsáveis por essa crise (afinal quem não poderia prevê-la?!), já tecem jornadas e roteiros cinematográficos (à
Desafortunadamente e tragicamente (pelo vosso sacrifício), terei que encerrar prematuramente meus vocábulos, que vale ressaltar, foram apenas proporcionados pela falta de preocupações alheias e consequentemente, por uma mente vazia que vagueia em busca de desfechos rodriguianos. As cortinas teimam em não fechar. Se lhes compete, bati meu carro ontem. Nada muito apocalíptico. Uma faísca de gozo (regojizo) precoce. Preciso passar na AIG. Na AIG! Adorei! Que venha o pior. Mal posso esperar.
Texto de Diego Ponce de Leon
Inspirado livremente nos textos do blogueiro conservador (sim, eu leio os dois lados) Mac Johnson.